quinta-feira, 25 de agosto de 2011

Matéria sobre o "Martírio dos Viventes" divulgada no Jornal Diário da Borborema


Ele incorpora o espírito do homem Nordestino. E como disse o romancista Euclides da Cunha, no livro "Os Sertões" que "o sertanejo é, antes de tudo, um forte", o paraibano também se sente um bravo. Mesmo não tendo nascido nos Sertões da Paraíba, pois é caririzeiro, Paulo Marcos Cavalcante carrega no peito os sonhos, a luta e os desafios do nordestino. Inegavelmente, tem a alma desse povo guerreiro que sobrevive à chuva e a longa estiagem.


O autor já prepara a nova edição que deve sair ainda este ano
O escritor paraibano Paulo Cavalcante já viveu todo o flagelo da seca. E passou a dolorosa experiência para a sua obra intitulada "O Martírio dos Viventes". O livro está com a sua 5ª edição esgotada. Mais de 5 mil exemplares já foram vendidos. O autor já prepara a nova edição que deve sair ainda este ano. Embora o escritor não tenha grandes pretensões, o livo pode alcançar o patamar que teve outros clássicos da literatura regional como "Menino de Engenho" de José Lins do Rêgo, "O Quinze" de Raquel de Queiroz", "Vidas Secas" de Graciliano Ramos entre outros.

Paulo é um retirante ruralista que fez da sua vida uma peregrinação pelas feiras literárias brasileiras para divulgar o Nordeste como ele é. Em sua essência. Chapéu, alparcatas, bolsa de couro, uma cabaça de água, muitos livros na mão, em cima de um tamanco inusitado, o escritor passeia pelos eventos para mostrar aos leitores a sua criatividade.

Sobrevivente da seca de 1992/93, em Caraúbas, na Paraíba, Paulo criou personagens e enredos fictícios para eternizar a história dos nordestinos que vivem em secas reais no semi-árido. A obra do escritor retrata o sofrimento do solo, dos animais e dos homens, além de abordar temas como religiosidade, mortalidade infantil, exclusão social e resistência.

Vestido à caráter das suas tradições naturais, o escritor percorre os maiores eventos de Literatura do país, como a Feira do Livro de Parati, as bienais do Rio de Janeiro, Recife, São Paulo, Natal e Brasília, entre outras. Um dos destaques da indumentária de Paulo é o tamanco, uma plataforma confeccionada por ele, com 35 cm de altura, a base de madeira umburana e oca por dentro, na qual ele usa para guardar objetos pessoais e alimentos, a exemplo de banana, cenoura, castanhas, rapadura e mel.

Em Campina Grande, o escritor costuma "aparecer" no período junino. Geralmente é visto em cima de seu tamanco com os livros nas mãos no Sítio São João.

Nascido em Caraúbas, micro-região do Cariri Paraibano, Paulo mora em Campina Grande desde 1981, quando veio estudar e trabalhar na cidade. Graduado em Administração pela Universidade Regional do Nordeste (antiga URNe) enveredou pelo caminho da literatura. Obstinado pela leitura concluiu em 1998, o curso de Licenciatura Plena em História e, em 2000, a Especialização em Formação do Educador, ambas na UEPB. Atualmente, Paulo divide a verve inventiva para as letras com o ofício de professor. "Eu sou um apaixonado pelas coisas do Nordeste", revelou.

"O Martírio dos Viventes" principal obra do autor, foi produzido quando o Paulo Cavalcante viveu a seca de 1992/93 em Caraúbas. Tem alguns elementos do clássico "O Quinze" de Raquel de Queiroz, embora o autor tenha imprimido o seu estilo próprio. Ele conta que na época observou o sofrimento do solo, dos animais e dos homens. Naquele cenário exótico e real criou personagens e enredo, numa tentativa de valorização e resgate dos costumes e tradições passados. O livro, segundo ele, "é um grito de alerta do sertanejo às ideologias presentes para amenizar o sofrimento do sertão semi-árido em secas futuras". A obra de 94 páginas publicada pela Editora Universitária da UFPB, tem elementos bem regionais que fazem parte do cotidiano do homem do campo. O escritor e desbravador das causas nordestinas segue o seu destino divulgando o Nordeste e mostrando que mesmo nas adversidades, o sertanejo é mesmo, acima de tudo, um forte.
MATERIA DIVULGADA NO JORNAL DIARIO DA BORBOREMA
LINK: http://www.diariodaborborema.com.br/2011/07/07/cultura1_0.php

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